OEA nega que opositora venezuelana seja "embaixadora suplente" do Panamá
O esclarecimento foi feito a pedido da coligação opositora Mesa de Unidade Democrática.
A 24 de março, o presidente do parlamento venezuelano, Diosdado Cabello, anunciou que a deputada da oposição tinha sido afastada do cargo, após tentar levar as suas críticas, contra o Governo venezuelano, à OEA, reunida nos Estados Unidos da América.
"A senhora Machado deixa de ser deputada. A partir deste momento, na Assembleia Nacional, a senhora Machado não volta a entrar como deputada, pelo menos neste mandato", anunciou, sublinhando que tinha aceitado o cargo de embaixadora do Panamá na OEA.
Segundo José Miguel Insulza, é uma prática habitual daquele organismo aceitar "a participação e uso da palavra, em sessões dos órgãos políticos da OEA, de representantes que não têm necessariamente a nacionalidade do Estado-membro que representam", como ocorreu em 2009 quando a ex-ministra de Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, se dirigiu ao Conselho Permanente como representante da Venezuela.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou a deputada de estar ao serviço de um governo estrangeiro e de ter pedido à OEA para intervir no país.
A deputada, que entretanto regressou a Caracas, anunciou que irá avançar com "ações legais" na Venezuela e no estrangeiro contra a direção do parlamento.
"Nem Diosdado nem ninguém me retira o cargo como deputada da Venezuela, ver-me-ão percorrendo as ruas da Venezuela como deputada", disse Maria
Corina Machado a centenas de simpatizantes que se concentraram numa praça de Caracas para a receber.
O afastamento do cargo teve lugar depois de a maioria socialista do parlamento venezuelano pedir ao Ministério Público uma investigação contra a parlamentar, que responsabilizam pelas mortes que ocorreram nas manifestações antigovernamentais das últimas semanas.
O pedido tem como propósito o levantamento da imunidade parlamentar de Maria Corina Machado, que ainda é acusada de instigação ao crime, traição à pátria, terrorismo, homicídio e por fazer apelos à violência de maneira irresponsável.
Questionada pelos jornalistas sobre o assunto, a procuradora-geral da República, Luísa Ortega Díaz, explicou que "o Ministério Público não tem conhecimento da remoção de nenhum deputado".
"Os deputados não se removem", frisou, ao mesmo tempo que avançou que foram nomeados dois procuradores para avaliar um pedido de investigação contra a deputada.